O incentivo à união e ao respeito pela diversidades culturais devem estar entre os principais focos da II Bienal de Luanda – Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz, que este ano decorre de 4 a 8 de Outubro, sob o lema “Cultura, Arte e Património Histórico de África”, numa iniciativa de Angola, União Africana e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), tendo na juventude uma das forças motoras.
Em Fevereiro deste ano, a ministra da Juventude e Desportos, Ana Paulo do Sacramento Neto, exortou, no final de uma reunião com o presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Gilberto Veríssimo, a juventude angolana a participar activamente na II Bienal de Luanda, independentemente da condição que vivemos devido à Covid-19.
Para esta edição, à semelhança da primeira, prevê-se a criação de um vasto programa de actividades, cuja abertura oficial deve ser presidida pelo Presidente da República, João Lourenço, e testemunhada por alguns Chefes de Estados africanos, como os Presidentes da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, e do Congo Brazzaville, Denis Sassou Nguesso, que já confirmaram as suas presenças na Bienal de Luanda, e representantes da Unesco.
Fóruns temáticos
Um dos pontos altos desta edição da bienal devem estar consubstanciadas nos fóruns temáticos sobre a juventude, durante os quais devem ser analisados, entre outros, assuntos ligados ao “Movimento de multi-actores para construir a paz e o desenvolvimento em África”, “A educação, ciência, cultura e comunicação ao serviço da cultura da paz em África” e “A juventude e cultura da paz”. O evento é inspirado na Carta de Renascimento Cultural Africano, que tem na cultura o elemento essencial para se enfrentar os desafios actuais do continente.
A ministra de Estado para a Área Social e coordenadora da Comissão Interministerial da Bienal-2021, Carolina Cerqueira, apelou, recentemente, aos ministérios da Juventude e Desportos, Cultura, Turismo e Ambiente, Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social a começarem a trabalhar na divulgação da Bienal de Luanda. Resumidamente, a ministra chama a atenção da importância de não se deixar para depois algo que já poderia estar em curso e passados quase um mês desde o seu apelo pouco ou nada se vê no quesito da divulgação do evento.
Em uma linguagem mais coloquial, corre-se o risco de se cometer os mesmos “erros” organizacionais à semelhança da primeira edição. Diferente da edição passada onde a bienal decorreu na segunda quinzena do mês de Setembro (18 a 22) de 2019, este ano a organização foi feliz e esteve atenta aos vários apelos do público, ao marcar a data para a primeira semana do mês de Outubro, o que de certa forma vai evitar os constrangimentos e reclamações dos frequentadores, muitas vezes limitados de poderem obter uma lembrança dos produtos expostos, justificada pelo fraco poder de compras.
Crescimento do turismo cultural
Mostrar as potencialidades do país, e não apenas as manifestações culturais, deverá ser obviamente um dos motes da bienal. Por isso, se prevê várias visitas guiadas, fundamentalmente aos locais históricos. Antecipadamente já se deveria ter sido preparado um roteiro turístico especial, que incluiria alguns locais e sítios da capital, com realce para os museus, alguns patrimónios edificados e os principais pontos turísticos.
Deve estar igualmente prevista a participação de representantes das 18 províncias do país, com delegações que vão animar o Festival de Culturas, a maior actividade de integração cultural, a ser organizado no âmbito da Bienal de Luanda. A comissão organizadora deve promover um cartaz cultural, composto por artistas nacionais e estrangeiros, caso a condição permita na altura, para demonstrar a diversidade de expressões culturais do continente e não só.
Um exemplo que poderia ser aproveitado e reproduzido na bienal seria o Festival de Música Tradicional denominado “Corredor do Kwanza”, numa iniciativa da Administração da Quiçama, realizada na vila da Muxima, por ocasião das festividades do 83º aniversário do município, considerado pelos populares “futuro” pelas potencialidades agropecuárias.
A “indústria cultural” e do entretenimento, que inclui profissionais e produtores de eventos, como editoras públicas e privadas de livros, produtoras de discos, bem como agentes culturais, podem encontrar na bienal, um verdadeiro espaço de promoção e divulgação das marcas e produtos a oferecer aos visitantes. Apesar de ser realizada num contexto atípico por conta da pandemia da Covid-19, a bienal vai de certa forma transformar-se em um palco de reencontros geracionais e de incentivo à criação nos mais variados domínios.Eventos como a Bienal devem servir como uma oportunidade de divulgar mais a produção artística nacional e os seus criadores em todas modalidades artísticas a preços baratos.
Convidados do continente
A bienal poderá trazer ao país convidados de vários países africanos e da diáspora que vão partilhar experiências de resiliência e resolução pacífica de conflitos. Devido à situação de restrições contra a Covid-19, uma das opções certamente deverá ser a realização de conferências e debates entre nacionais e estrangeiros por via das plataformas digitais.
A organização ainda não divulgou pormenores sobre a forma como decorrerá o evento, mas é previsível que, devido à crise pandémica, estejam a ser ponderadas e analisadas várias formas comunicacionais, entre elas, muitas delas deverão ocorrer em formato virtual. A juventude mais uma vez é chamada a mostrar toda a criatividade, de forma a despertar e descobrir talentos ligados aos mais variados segmentos da electrónica, desenvolvendo projectos com financiamento baratos, mas capazes de ajudar as comunidades e o fomento do auto-emprego.
Palco de oportunidades
Espera-se uma maior participação de expositores em relação a edição passada com projectos voltados fundamentalmente na educação ambiental e sustentabilidade nas escolas do país. Nesta bienal, prevê-se uma maior propaganda através da realização de palestras para sensibilizar o público, em espaços temáticos, sobre a importância da preservação do meio ambiente.
Mais do que transmitir experiências, que o evento sirva de iniciativas para criar um espaço de interacção, estimular parcerias e maior conhecimento da cultura de outros povos africanos. Durante a segunda edição da bienal, o evento pode ser aproveitado para ser uma montra para chamar a atenção a importância dos objectivos da agenda da ONU sobre o desenvolvimento sustentável em protecção do ambiente. A bienal, seguramente vai ser um palco de oportunidades de mostrar que é possível desenvolver vários programas sustentáveis em defesa do ambiente. A actividade, resultante da cooperação tripartida entre Angola, a União Africana e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), vai certamente permitir uma maior integração das elites africanas e representantes da sociedade civil, com as autoridades tradicionais, artistas, desportistas e intelectuais.