A Comissária para a Agricultura e Economia Rural da União Africana, a angolana, Josefa Sacko, participou no dia 24, em Berlim, na conferência do G7 sobre segurança alimentar, que decorreu nas instalações do Ministério dos Negócios Estrangeiros Alemão.
Ao tomar a palavra a comissária começou por congratular o governo alemão pela organização do evento, numa fase em que o mundo enfrenta desafios sem precedentes de segurança alimentar, com particularidade no continente africano.
‘’Espero que se renove a colaboração e a parceria para nos focarmos no aumento da produção de alimentos, desenvolvimento agro-negócio, gestão pós-colheita, e fortificação no desenvolvimento agrícola de alimentos, entre outros” disse.
Segundo a Comissária Sacko, a equipe da União Africana de 2022 está construindo uma base de nutrição resiliente e segurança alimentar em África, que está a enfrentar uma crise de segurança alimentar e nutricional com 4 ‘’CHOQUES’’ consecutivos no nosso sistema alimentar:
PANDEMIA DA COVID-19,
AMBIENTAL, CONFLITO DA RUSSIA COM A UCRANIA E CLIMÁTICO, que estão a impactar o sistema alimentar e expuseram a vulnerabilidade de Africa, mas também a oportunidade de Africa para responder aos desafios para garantir a segurança alimentar e nutricional no continente. Não podemos prever com qualquer precisão a ocorrência do próximo choque, estamos certos de que haverá futuros choques para o sistema alimentar de Africa, principalmente sobre as mudanças climáticas. Portanto, nossa estratégia é não correr, não fugir quando isto acontecer. Queremos um esforço coordenado na construção de sistema alimentar que seja forte o suficiente para suportar choques futuros. Isso significa construir um sistema agro-alimentar resiliente em Africa.
Para tal a Comissária africana enumerou 5 prioridades:
1-Aumentando a produção de alimentos
2-Reduzir a colheita de alimentos e pós-colheita
3-Investir na agricultura inteligente para o clima
4-Promover o comércio intra-africano na agricultura, bens e serviços
5-Confiando a responsabilidade mútua
Na aludida conferência, governos, organizações internacionais e regionais, bancos multilaterais de desenvolvimento, organizações não-governamentais e filántropos procuraram juntarem sinergias, pela segurança alimentar global – fazendo um balanço do progresso feito nos esforços conjuntos para superar a crise global de segurança alimentar.
Os relatórios do Grupo de Resposta a Crises Globais do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre Alimentos, Energia e Finanças pintam um quadro dramático: dos 1,7 bilhão de pessoas em 107 estados afectados por esta crise, 1,2 bilhão de pessoas serão expostas a uma tempestade perfeita das três dimensões da crise – finanças limitadas, aumento acentuado dos preços dos alimentos e aumento dos preços da energia. À isso se somam as secas intensas em lugares como o Corno de África e o uso da fome como arma de guerra em várias áreas de conflito em todo o mundo.
Os participantes observaram com grande preocupação que a invasão da Ucrânia pela Rússia está colocando em risco a segurança alimentar e nutricional de milhões de mulheres, crianças e homens e está exacerbando ainda mais a já terrível situação em relação à segurança alimentar global, causada, entre outros, por conflitos armados, mudanças climáticas e consequências da pandemia de COVID-19.
Os participantes partilharam a convicção de que esta crise multidimensional requer uma resposta global conjunta e eficaz que combine diplomacia, assistência humanitária, cooperação para o desenvolvimento, bem como políticas agrícolas e alimentares.
As discussões foram guiadas pela convicção de que o apoio de curto e médio prazo deve ser programado de forma a levar a uma transformação sustentável de longo prazo da agricultura e dos sistemas alimentares, com a necessidade de se fortalecer a resiliência e, assim, reduzir as necessidades humanitárias, aumentar a produção local sustentável, diversificar as culturas com o fim de reduzir a dependência das importações.