A Embaixada da República de Angola na República Federal da Alemanha, realiza no dia 07 de AGOSTO de 2021, às 15:30min – Alemanha, uma videoconferência aberta ao público em geral, com o tema central:
”INCLUSÃO FINANCEIRA DA MULHER: DESAFIOS E OPORTUNIDADES”
Mulheres de diferentes estratos sociais e países africanos vão discutir este sábado (7), num webinar subordinado ao tema “Inclusão financeira da mulher: Desafios e oportunidades”, com objectivo de conectar mulheres africanas e permitir a partilhar de ideias e preocupações que sirvam de inspiração para as jovens mulheres.
O evento é promovido pela Embaixada de Angola na Alemanha e terá início a partir as 15:30 minutos, cujo discurso de abertura será proferido pela ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.
O encontro que decorrerá no formato Zoom e interpretação simultânea em Português e Inglês, vai contar com as intervenções da Comissária da União Africana, Josefa Sacko, secretária de Estado para o Orçamento e Investimento Público, Aia-Eza da Silva, secretária da Organização Panafricana das Mulheres (OPM) para a África Austral e Antiga Combatente de Libertação Nacional, Luzia Inglês, economista Dalva Ringonte, conselheira Económica do presidente da CEEAC, Maria Silveira, embaixadora do Botswana na Alemanha, Mmasegkoa Masire-Mwamba, ex- Presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, entre outras.
Em entrevista a este Jornal, a embaixadora de Angola na Alemanha, Balbina da Silva, considera que o evento vai permitir, também, a troca de experiências, principalmente no actual contexto de crise pandémica e no âmbito da celebração do Dia da Mulher Africana.
“A inclusão financeira é um tema muito sugestivo na medida em que o sector de Finanças sempre foi tradicionalmente dominado por homens, não apenas nos cargos de trabalho e de liderança, mas também no acesso aos serviços financeiros e bancários”, disse.
De acordo com a diplomata, a questão da bancarização das mulheres tem raízes diversas, há décadas que se convencionou o homem como figura responsável pelas finanças da família, excluindo a possibilidade das mulheres assumirem essa responsabilidade, para quem “é importante que se elaborem programas de educação financeira de modo a permitir o empoderamento da mulher”.
Para Balbina da Silva, quando não há independência financeira, há subordinação, “e esta subordinação também gera violência”. Muitas vezes, prosseguiu, as mulheres que não têm capacidade financeira para resolver os seus problemas, submetem-se a ciclos de violência e não conseguem sair do ciclo de violência, considerado ser é um tema actual que merece a atenção das mulheres.
Acesso ao crédito
Quanto ao acesso ao crédito, disse, as mulheres enfrentam dificuldades e de forma geral elas beneficiam de microcrédito, que na maior parte das vezes os valores não são suficientes para iniciar um negocio.
A embaixadora diz que grande parte da “nossa” população, particularmente mulheres, vive no mercado informal. “Creio que hoje, e de acordo com ministra das Finanças, abriu-se a possibilidade para que as mulheres do mercado informal consigam abrir contas bancárias”, realçou.
Considera ser um avanço, adiantando que muito ainda tem e ser feito. Balbina da Silva defende ser necessário que hajam oportunidades iguais quer para os homens como para mulheres.
“Estamos a viver uma crise pandémica e o facto de as mulheres não poderem sair, para fazer os seus negócios, devido ao isolamento social, levou a que muitas delas perdessem capacidade financeira e ficassem a depender exclusivamente dos seus parceiros”, sublinhou.
Referiu, igualmente, que a inclusão financeira das mulheres no sector financeiro implica necessariamente a literacia financeira permitindo assim mudar a realidade de muitas mulheres, o que permitirá acelerar o crescimento económico e desenvolvimento de muitos países. “Sem inclusão financeira não podemos falar em empoderamento”.
A embaixadora referiu ainda que a inclusão financeira das mulheres não é apenas a participação das mulheres nos centros de decisão, de liderança, é uma questão de transformação social, definição de políticas publicas claras e de estratégias que permitam uma verdadeira inclusão de todos os estratos sociais.
“Uma atenção especial deve ser dada a mulher portadora de deficiência, é preciso dar voz a estas mulheres, que são as pobres das mais pobres e desenhar-se politicas publicas que protejam este grupo vulnerável”, apontou.
A diplomata citou Ellen Johnson, Carolina Cerqueira, NgoziOkonjo-Iweala, Sra Josefa Sacko e Maria Borges como sendo mulheres de sucesso no continente africano.
Independência financeira
O tema reveste-se de importância e oportunidade na medida em que vai abordar questões referentes ao papel da mulher na sociedade, inclusão financeira como factor chave para a independência financeira da mulher, segundo a economista Dalva Ringote.
A economista que vai dissertar sobre “Políticas públicas a favor da prevenção e Protecção de casamentos precoce”, considera que ser um tema sensível mediático, uma vez a análise deve sempre ter em atenção factores económicos, sociais e consuetudinários.
“A gravidez precoce afecta profundamente a trajectória de vida das meninas e o seu desenvolvimento psicossocial, contribui para precariedade em termos de saúde para as meninas e seus filhos, afecta negativamente suas oportunidades educacionais e de emprego e contribui para a perpetuação de ciclos inter-relacionais de saúde precária e pobreza”, conlcui Dalva Ringote.