‘’Maria Conceição Weber, angolana, radicada na Alemanha é uma mulher preocupada com o próximo. É Fundadora da ONG HOJE-HEUTE e.V, vocacionada a apoiar os mais desfavorecidos em Angola nas áreas da educação e saúde.’’
Nesta entrevista Maria Weber fala-nos de si e sua terra, da vida na Alemanha e da sua organização.
M.C.W: Nasci em Vila Nova do Seles, Ucu – província do Cuanza – Sul, Angola e vivo na Alemanha há quase 20 anos.
Em Angola, trabalhei como professora primária na província do Cunene e durante a guerra civil, trabalhei como coordenadora da OMA no Bié e era militar da ODP. Depois disso cheguei a trabalhar na Direcção Provincial da OMA, no Departamento de saúde e Assuntos sociais, também no Bié. Isto até 1980.
No mesmo ano, fui a Portugal de férias com o meu ex-marido, levando dois filhos e grávida na altura.
Não voltei mais para Angola, devido ao meu estado e o meu marido também não permitiu.
Durante o tempo em Portugal, trabalhei em várias empresas, tive mais 3 filhos e com o tempo, abri uma agência imobiliária. Entretanto separo-me do pai dos meus filhos.
‘’Cinco anos depois, conheceu o actual marido, que é de nacionalidade alemã, e na altura, trabalhava na construção da ponte Vasco da Gama em Lisboa e depois na ponte Salgueiro Maia em Santarém / Portugal. Após a finalização do trabalho em Portugal foi para Alemanha onde casaram em 2003’’
- Há quanto tempo a organização existe e quando é que decide então abraçar esta nobre causa, criando a ONG?
M.C.W: A organização ‘’Hoje-Heute e.V.’’ FOI FUNDADA EM 12.10.2013 e registada no Tribunal de Munique / Alemanha no dia 13.01.2014 com número de registo VR205197.
‘’Em 2007 o marido organizou uma viagem a Angola com o objectivo de procurar pela sua mãe e restante familiares, dos quais já nada sabia por cerca de 27 anos. Durante essa viagem, visitou várias províncias. Felizmente conseguiu encontrar a sua mãe e finalmente nasceu a ideia de arranjar uma forma de poder contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do país. E como os jovens fazem parte do futuro de um país, criou-se um projecto onde se pudesse ajudar os mais necessitados (na saúde e formação académica).’’
- Sendo uma organização não governamental, e sem fins lucrativos, quais são os meios de subsistência que tem? Teve algum apoio privado ou institucional para a criação da Organização?
M.C.W: O único apoio que tenho é do marido, dos filhos e de alguns amigos. Outra forma de ajuda, são as quotas dos sócios (aproximadamente 40%) e doações de (aproximadamente 60%)
- Sabemos que tem apoiado pessoas desfavorecidas no nosso país, e que tem tido dificuldades com a logística. Pode falar-nos um pouco sobre como tem sido este processo?
M.C.W: O pior obstáculo que Organização enfrenta, é a falta de reconhecimento e a aprovação oficial como ONG em Angola. Sem este importante pormenor não se pode abrir uma conta em Angola que é a base que teríamos para de recrutar e/ou encontrar sócios locais para arrecadar fundos e realizar projectos.
Organização vem ‘’lutando’’, no sentido de ser reconhecida oficialmente, mas lamentavelmente ainda sem sucesso.
- Sem ter este estatuto oficial, o transporte, a logística em si é muito mais cara e os processos de despacho alfandegários para além de serem muito burocráticos, são muito morosos também.
- Enquanto angolana e solidária com aqueles que mais precisam no nosso país, qual é o apelo que deixa para os nossos compatriotas que se encontram aqui na diáspora, principalmente neste contexto actual que estamos a viver?
M.C.W: Enquanto angolana e solidária com aqueles que mais precisam no nosso país, apelo aos nossos compatriotas aqui na diáspora, principalmente neste contexto actual que estamos a viver, que sejam mais solidárias apoiando Organizações como a ‘’HOJE-HEUTE e.V.’’